sábado, 18 de julho de 2009

Para não me permitir corromper

Acordei na noite passada numa madrugada fria, dor de estômago, acumulando cobertores, esparramada no sofá da casa de outra pessoa. Levantei pra apagar a luz e senti meu estômago revirar, se desintegrar e tentar se recompor enquanto eu lamentava de dor. Durante o trajeto até o interruptor eu fiquei imaginando como tudo na minha vida estava errado e eu estava absolutamente cansada e desgastada pelo estigma do erro. Beber até desmaiar no sofá, pela terceira vez consecutiva em festas G8 da galerinha do teatro. Na metade da festa, eu já estou reclamando de ânsia de vômito, já estou vomitando e desejando vomitar todo o meu maldito estômago adoentado, já estou buscando sofá e cobertores e adeus todos, vou dormir.
Foi um evento cheio de flashs. O flash de querer beijar alguém que eu não devia, escutar comentários insistentes querendo me convencer a beijá-lo, me trancar na cozinha com essa pessoa, rir de bobagens junto com ele, mexer na sua barba e fugir. E querer ficar, mas querer fugir, me permitir, fugir, mexer na barba, rir, me esquivar, pedir desculpas, sair. Ter minha cintura nas mãos dele, meu corpo no corpo dele e querer, mas me esquivo, fujo, saio, desisto e sento na mesa pra comer compulsivamente Doritos e pensar que eu, realmente, tomei uma decisão sensata. Chega de homens errados. Chega. Chega de fazer as maiores bobagens, enaltecida por uma emoção sem estribeiras e depois me lamentar terrivelmente por erros recorrentes.
Flash de dancinhas adoidadas, muito Doritos com Guaca Mole, muita Nutella, leite consensado e Brahma. Flash de aumentar minha auto-estima brevemente com elogios que eu não levo a sério. Flashs de muitas, muitas risadas. E de uma dor de estômago lacinante. Flash de um vazio imenso que me acometeu na madrugada silenciosa, sozinha e cansada, querendo repensar toda a minha vida e atitudes, mas sem a menor capacidade mental pra isso. Mas pensei (como num flash) que eu preciso de mais disciplina, sensatez e maturidade. Preciso não destruir minhas noites de sono, meu estômago, minha alimentação, meu dia seguinte inundado de sono e lamentações. Preciso acordar às 8h, com uma xícara de café pelando nas mãos pronta pra estudar até ficar tonta e realizada. Preciso de noites de sono saudáveis, frutas, menos álcool e coca-cola e açúcar, almoços balanceados, companhias agradáveis, minha família, minhas amigas, meus livros do caio fernando abreu, meu forró, minha saúde. Preciso de verdade, é seguir o que eu acredito e me faz bem. E reviver durante todos os dias, um processo continuo de auto-controle pra não me permitir corromper.

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