quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

as pessoas costumam elaborar tanto seus foras? acho que não, né. mas eu precisava expulsar de mim esses sentimentos. uma pena pra quem precisou escutar. mas eu estou melhor.

-vamos sair?
-não... desculpa, mas eu não quero. porque eu estou muito cansada. estou exausta, triste, de saco cheio de toda essa MENTIRA. esses jogos, essas relações rasas com pessoas rasas, tudo sem profundidade, verdade, consistência, entrega. eu quero ficar sozinha. eu estou sofrendo do efeito crônico de viver nesse mundo: me relacionando dessa maneira babaca e vendo todos fazerem o mesmo (e sofrendo por isso) - amigos, amigas, pessoas aleatórias a minha volta. meu estômago embrulha quando eu penso em tudo isso e tenho muita vontade de não fazer mais parte dessa podridão. eu quero ficar sozinha até encontrar alguém que me mostre que tudo pode ser diferente. no final, pode ser que eu descubra mais uma decepção. mas ok, pelo menos eu tentei. por enquanto, vou ficar completamente sozinha, acho que fico melhor. por isso que não vou sair com você, obrigada.
-tudo bem, então.
-...

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Ao menos um.

Eu queria ter forças, vontade, estímulo e energia. Assim, não demais, mas apenas o suficiente para estender a roupa no varal, dobrar a roupa de cama e organizar de maneira razoável meu armário. Um pouco de vontade de lavar a louça, passar um pano na cozinha, catar as migalhas de pão sobre a mesa e as roupas pelo chão. Queria ter um pouco menos de apatia e conseguir me sensibilizar com esse caos instalado aqui, mas parece que eu nem vejo. E se vejo, não me importo. Não é comigo, não quero saber. Que o mundo desabe, eu só quero dormir, ver um filme besta e vazio e dormir de novo. Cade minha energia? Cade minhas vontades? Onde eu fui parar? Mas não quero me encontrar, só quero fugir pra algum lugar aonde eu possa encontrar essa vontade e essa energia. Eu tenho vontade de desaparecer ou ir pra qualquer canto protegido e aconchegante, aqui tá difícil respirar. Eu tenho desprezo por tudo e todos. Essa historinha, essas conversinhas, essas mentirinhas, essas banalidades, essa frieza, esse teatro. Essa falta de sentido, esse vazio. Eu queria que fosse papel para poder rasgar, que fosse frágil para poder quebrar, que fosse inflamável para poder acender um fósforo. Eu quero fugir. Preciso encontrar algo para me fazer encontrar a vontade de viver. Eu até poderia viver sem vontade, mas não quero. Mediocridade não combina comigo. Ok. Vai passar, em algum momento cheio de simplicidade eu vou magicamente ser apresentada ao sentido de tudo. Ou apenas um motivo para continuar. Eu queria ao menos um.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Medo demais aqui dentro.

Eu queria que fosse importante. Que me orgulhasse, me enchesse de felicidade e esperança. Que colocasse sonhos e vontades bonitas dentro de mim. Que a expectativa se tornasse fato, que o beijo não fosse mecânico e que as palavras não fossem jorradas despropositalmente, vazias de significado. Eu queria que a imagem, o ego e a sedução estivessem fora desse jogo. E inclusive, seria muito bom se nada disso fosse realmente (mais um) jogo. Eu queria ter segurança, tranquilidade e certeza. Queria que a estabilidade não servisse de ferramenta para o desgaste e o tédio, mas que novidades repletas de espontaneidade e entusiasmo permeassem um território conhecido, mas constantemente redescoberto. Eu queria que fosse real, visceral, devastador. Eu queria que fosse alguma coisa que eu pudesse dar nome e significado e não algo aleatório, trivial e cheios de nuances de incerteza, num ciclo de mentira e ilusão. Eu queria poder me colocar inteira, me entregar, me envolver, me ligar. Mas tem medo demais aqui dentro. Demais. Tão grande que me tira todas as possibilidades de realização afetiva mínima. Me deixa angustiada, dolorida e exausta, e me faz querer fugir léguas de distância, para um lugar seguro, confortável. e vazio. Um lugar onde eu possa escolher a dedo a possibilidade de menor risco, ou seja, a menos suscetível ao meu interesse e comprometimento emocional. Qualquer ser com um cromossomo Y, com um Q.I razoável, com um importante interesse sexual em mim e definitavemente, desprovido de requisitos imprescindíveis ao despertar do meu interesse afetivo. Mas as pessoas não são objetos, eu não sou um objeto e eu estou cansada dessa mentira, dessa falta de significado, dessa superficialidade. Tô cansada de ter que olhar pro lado e não ver nada, mas tem um ser humano ali. E o fato de eu estar cegada para a humanidade alheia me desperta um sentimento de auto-repugnância brutal. Porque eu não sou assim, eu sou sensível, amável e mulherzinha, e pra ser desumana preciso me corromper e eliminar a minha essência - que é bonita e verdadeira. Preciso me corromper pra me adaptar e sobreviver. Então é isso que as pessoas fazem? É por isso que esse mundo está insano, podre, promíscuo e todos estão infelizes, entediados e vazios, buscando em relações fast food o mínimo de realização, segurança e estabilidade emocional? É. E desprezo toda essa cretinice. Mas virei uma cretina, porque entendi que essa insanidade permite felicidade a curto prazo. Mas os meus prazos são longos e a minha estrada é longa. E eu quero ter uma história bacana pra contar no final. Eu não devo me afundar nesses mecanismos de defesa doentios, preciso ficar cara a cara com esses medos e derrubá-los, mesmo que seja gradativa e dolorosamente. Preciso evoluir, crescer e construir... E não ficar presa à esses medos só porque viver de verdade é mesmo difícil demais.

domingo, 3 de outubro de 2010

Eu perdi aquela parte que me explicava a razão de tudo. Aqueles argumentos que me convenciam que a vida de alguma forma tinha motivos p/ existir. Eu abandonei em algum lugar a explicação, a vontade, o empurrão, a energia, a vontade. Eu desaprendi tudo. Eu ignorei os motivos por que neles só vi o vazio e uma imensa e pesarosa mentira. Não sei como construir uma vida pra mim pois não creio que eu tenha importância superior ao resto do mundo. Uma carreira, dinheiro, reconhecimento profissional, roupas e carros e objetos descartáveis e superfluos aos milhares, só por que me fizeram lavagem cérebral diária, constante e massacrante durante 24 anos pra me convencer que a felicidade deve ser construida baseada no material, em vaidade, individualidade e competição. Eu não acredito que devo lutar pela MINHA felicidade, por que eu não sou absolutamente nada diante do resto do mundo. Se eu estou querendo virar uma heroina, uma mártir sonhoradora e sagaz pela luta social no mundo? Não sei. Eu só gostaria de entender pelo que eu devo lutar, por que eu devo e o que me motiva. Estou desnorteada, vazia e cansada. Estou convencida de que ficar dentro de um laboratório fazendo cálculos, pipetagens e experimentos estúpidos que não servem como acréscimo à vida de ninguém (muito menos à minha) não me realiza. Ter um mestrado me realiza? Por que o olhar alheio estará mais brilhante e admirado em direção a mim? Não. Não quero isso, não quero me diferenciar das pessoas por estes meios. Desprezo essa vaidade e esses egos insuportavelmente inflados que norteia o mundo academico. Eu não sou um ser superior, eu nem sei nada sobre o mundo, e nem sobre ninguém, eu estou trancada num conto de fadas banal no qual a verdade se resume a resultados estatísticos desprezíveis. Isso é tudo que eu consegui aprender no mestrado e as pessoas vem me falar de realização? Eu quero mais. Eu preciso de mais. Eu estou sufocada, trancafiada nesse mundinho de mentira e me sinto péssima em tentar construir a MINHA felicidade, enquanto o mundo apodrece na minha frente e milhares de pessoas são cruelmente vitimadas pelo desacaso e pela desigualdade. Por que eu quero comprar um vestido novo ou fazer um corte de cabelo da moda? Isso é realmente importante perto de outras importâncias ao nosso redor, as quais estão enfiadas todas debaixo de um pano de desprezo e egoísmo doentio, simplesmente por que não nos dizem respeito? Eu me sinto uma débil mental por acreditar nos alicerces babacas e ilusórios de felicidade que o mundo me apresentou e eu nunca questionei nada. Até agora. Mas o que eu vou fazer?
Pra onde eu vou?
Pelo que eu vou lutar?
Nem sei mais no que eu acredito, no que eu quero, no que eu preciso.
E estou cansada de falar ''eu''.

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Emocional é o C******

Nada disso era emocional. Minha mãe não está sofrendo na maca do hospital vitimada por uma doençca terminal, meu namorado de anos o qual sou loucamente apaixonada não terminou comigo - esse cara não existe, não cometi um aborto recentemente e por isso não me puno diariamente por me considerar uma sanguinária assassina. Tenho um emprego que eu amo e me motiva, mas que me estressa, me faz chorar às vezes de raiva e frustração e por acúmulo de atividades (mas se você não trabalha na câmara dos deputados, você sabe do que estou falando e sabe que já passou e passa por tudo isso eventualmente). Não ganho uma fortuna, mas ganho o suficiente para comprar roupas baratas, comidas caras e ter uma poupança humilde. Sou relativamente bem-resolvida e minha auto-estima é saudável - sou medianamente bonita, inteligente dentro dos padrões e agradável dentro das relações pessoais quando não estou de tpm. Meu lar é tranquilo e fraterno, minhas amizades são escassas mas são valiosas e não tenho um namorado mas isso definitivamente não me afeta de maneira importante - a não ser quando está muito frio e eu quero dormir enroscada em alguém.
Quer dizer, eu tinha alguns problemas de cunho existencial (apenas os animais, os seres inanimados e os patologicamente alienados não os tem, certo?), mas ainda sim eu poderia me considerar feliz. E aí, vem essa dermatite terrível e sem diagnóstico (após a realização de 25 exames)e todos os médicos no auge da incapacidade de me indicar tratamento e cura, me dizem que é emocional. Tudo que eu tenho a dizer é: emocional é o csralho. E olha que eu só falo palavrões mentalmente, mas é muita raiva e eu não consigo me conter. Eu sei o que é depressão e angústia desesperada e estresse da cabeça aos pés. Sim, eu sei exatamente o que são e o que fazem comigo, e sei, portanto, que meu problema não é de fundo emocional porque eu não tenho nenhum sofrimento mental relevante neste momento e todos vocês sofrem da incapacidade de diagnósticar e tratar problemas um pouco mais complexos que acne na adolescência.
Mas sabe, se nada disso tinha como causa primária a questão emocional eu posso garantir que agora tem. Porque estou de fato infeliz, desesperançosa e frustrada e sem auto estima e com muita vontade de fugir de tudo e fingir que eu não tenho uma pele enfestada de feridas, tudo não é mais do que passageiro e amanhã eu vou ter uma noite de sono saudável, uma banho saudável, uma roupa que não me incomoda, a nada que arde, doi e machuca. E vou inclusive colocar uma blusa sem mangas e uma saia para exibir por aí a minha sanidade dermatológica. E eu não vou precisar ir de médico em médico e de farmácia em farmácia e de laboratório em laboratório e ver minha esperança e minha vontade de viver se esvaindo todas as vezes que eu concluir que a busca pela resposta e pelo tratamento são em vão. Mas muitas vezes eu não consigo me alienar o suficiente e me deparo com minha realidade e a constante falta de soluções que está em torno de tudo isso.
Então, tudo bem. Pode colocar no prontuário que é emocional. Porque vocês, senhores médicos, consiguiram transformá-la em resultado de somatização e se livraram do ardoroso trabalho de me tratar.

domingo, 9 de maio de 2010

Essas coisas dentro de mim

Eu tenho que fazer um esforço enorme para não tornar relevante todas essas coisas dentro de mim. Sim, porque todo mundo tem problemas, traumas, dificuldades, obstáculos. Eventualmente, surgem dores sem causa física, choros sem explicação, estômago doendo e uma dificuldade de sorrir com sinceridade. Todo mundo sofre de vez em quando de vazios existenciais, todo mundo tem problemas pra se relacionar, todo mundo gostaria de ser tanta coisa que não dá conta. Viver é difícil pra todo mundo, certo? Não,não quero terapia, remédios e reclamações chorosas no divã. Estou disposta a me encontrar e quero acreditar que posso fazer isso sozinha. Talvez eu não possa, mas preciso tentar até exaurir todas as minhas forças. É muito mais fácil se render a covardia de se estabelecer como inútil vítima de si mesma, incapaz de fazer sua vida melhorar através do auto-conhecimento e do próprio esforço. A grande dificuldade talvez seja entender de onde surgem essas coisas dentro de mim. Estranhamente, fui eu que coloquei elas aqui dentro. Mas o adorável inconsciente me fez ignorante. E muitas vezes não sei explicar os porquês. E quero respostas. Quero resolução, quero entendimento e não maneiras alienantes e paliativas de lidar com a dor. Ninguém quer isso. É por isso que nos dias atuais existem fontes inesgotáveis e de fáceis acesso ao prazer passageiro. As pessoas não querem se esforçar para alcançar a própria feicidade, elas querem apenas esparadrapos para a alma. Querem silenciar o vazio, a dor, a insatisfação e as frustrações com toda a mentira por trás de flashs de felicidade. E é também por isso que a incidência de doenças mentais aumentou milhões de vezes - mesmo havendo reconhecidamente uma glamourização do sofrimento, a realização de um número absurdo de diagnósticos equivocados e a indústria farmacêutica podre por trás de tudo isso faturando e incentivando horrores o adoecimento mental da humanidade. Apesar de todos esses fatos, realmente as pessoas estão padecendo cada vez mais de sofrimento mental. Por que elas não se conhecem, não se entendem, não se ajudam, não melhoram e nem sabem na verdade o que melhorar, para que e como. Existe um incentivo generalizado para viver sob a doentia e burra teoria de ataduras que professa que: para ser feliz você deve cuidar dos machucados da sua alma com anestésicos e esparadrapos. E não com remédios e medidas profiláticas. Um belo dia as pessoas percebem que sua alma foi invadida por tantos e tão dolorosos machucados que a vida tornou-se insuportável. E como vivem através da burra ideologia de conquista imediata da felicidade e do remédio instantâneo para o sanar dos males, elas simplesmente se entopem de remédios. Elas não querem saber dos motivos e nem como evitá-los. Elas não querem se encontrar, elas nem mesmo sabem que existem um ou vários caminhos que podem levar a busca de si mesmas - elas não foram feitas para pensar em construção de felicidade de maneira autêntica. A sociedade padronizou a felicidade: seja bonito, jovem e popular, ganhe dinheiro, case, tenha filhos e use roupas caras - você será feliz. As pessoas, em sua maioria, desconhecem o caminho do contestamento, do questionamento e a ação de se auto-interrogar. E durante muito tempo eu achei que esse era o caminho mais fácil - e talvez o único - para ser feliz. Afinal, eu sofria por questionar e refletir e rebater demais. Hoje entendo que ser feliz é uma eterna construção e que envolve um bucado de dor, um bucado de esforço e um questionamento incessante sobre si e o mundo. E é por isso que vai doer, mas não vou parar de tentar me encontrar.