sábado, 1 de outubro de 2011

Olha aí, eu de novo. Me esparramando pelo chão. Tentando levantar, cansada, doente, asmática, desequilibrada, sem rumo.

Tentando encontrar o mínimo de alegria na vida, por que não importa o que aconteça: eu preciso continuar a viver. E pra viver eu vou ter que sentir que ainda vale a pena, que ainda pode ser bom, acreditar que eu ainda vou ser imensamente feliz, eu preciso acreditar nisso ou desistir de vez. Não existem outras opções.

Não pode haver nesse mundo nada que me tire a vontade de viver, a necessidade de ser feliz, não pode existir problema ou dor com importância maior do que a minha própria existência. Não adianta me descabelar, me atirar no chão e chorar até desfalecer. Não, essas não são as saídas. Existem saídas de verdade, é isso. Existem, é só o desespero e a dor que me cegam para a existência delas. Mas já estou acalentando meu coração, já estou tentando respirar com mais calma, estou tentando buscar uma força e uma inspiração de não-sei-onde. Já estou tentando me equilibrar, estou tentando fazer crescer em mim qualquer amor próprio.

Amigas amadas estão prestes a chegar, e vão me ver assim chorando e desfalecida, com essa angústia que transparece na respiração, no olhar, na fala trêmula e cansada. Eu vou pedir que elas não se preocupem comigo, apenas me deem amor e alegrias. Não me lembrem, não reforcem, não faça essa dor maior do que ela já é. Eu apenas quero ser feliz, me ajudem. Não, não quero conselhos. Sei de todos. E o senso comum costuma estar errado e ser injusto. Me deixa com meus sentimentos, meus questionamentos, minhas angústias. Eu só quero um porto-seguro, alguém pra me dar as mãos e me fazer sorrir.

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

No singular.

Não dava pra ser só bom? Só beijos, abraços, risadas, pele macia, cheiro gostoso, carinho, mãos dadas e amor pela manhã? Não dava pra ser ser só jantares deliciosos, todas as minhas vontades realizadas, toda a minha importância considerada, e me sentir assim, de maneira tão incrível e inédita: amada. Amada demais, a ponto de até duvidar da verdade por trás de tudo isso, de desconfiar da realidade, de mim mesma, de tudo que me era apresentado.

Eu jurei pra mim mesma, no auge de toda a minha ingenuidade, que não permitiria que mais ninguém fizesse isso com meu coração, com a minha vida, com o meu corpo, com tudo que era meu e agora tá em qualquer canto, perdido por aí, despedaçado, morto, detonado.

Eu não sei por que eu tô chorando tanto. Por que tudo isso? No final do dia, eu vou voltar pros braços dele, iludida, apaixonada, com sorrisos e alegria de curto prazo de validade. Que atitude eu vou tomar? Que atitude eu consigo tomar? Por que vc está me pedindo coisas que não posso fazer? Não posso, olha pra mim, com tanto esforço e amor, e ainda não consigo cogitar por um segundo aceitar o que você me pede. Mas não consigo ficar sem você. Por que não existem outras escolhas? Veja, meu corpo não vai aguentar, minha saúde mental vai desfalecer e uma hora toda essa alegria que eu vivia vai acabar e todo esse amor que eu recebo, eu vou deixar de enxergar, e tudo vai perder o sentido e a importância, então POR QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO ESSA BURRICE? Por que você fez essa estúpida escolha e me envolveu no meio dessa sujeira? Será que você não vê que vai perder um amor bonito e delicioso como o nosso por algo que não vale a pena? Que daqui há 10 anos você estará sozinho, cansado, exaurido, frustrado e não terá ninguém para lhe afagar os cabelos pela manhã ou te dar as mãos numa tarde de domingo? Você vai olhar pros dois chuveiros que você construiu no seu banheiro e vai se lembrar de mim todas as vezes que você tiver que tomar banho sozinho ou com alguma pessoa com a qual você irá se relacionar superficialmente e que será incapaz de te oferecer todo o amor que eu tenho pra te dar. Eu não vou ter mais minhas quintas-feiras de saudades e alegria pra te dar, vou voltar de Paracatu, sem saber porque. Vou me arrepender de ter feito tudo em nome de nós dois e ter ficado sozinha, no final das contas. Vou me arrepender por você, por nós, pela vida tomar um rumo no singular, cada um com a sua, mas era pra ter sido a nossa vida - não sei de um dia vou conseguir me acostumar.

Eu assumi todos os problemas, os 23 anos de diferença, as filhas, a ex-mulher, o meio social, o preconceito e os olhares tortos. E agora? Quais os riscos e as dificuldade você assume em nome de nós dois?

Nenhum.

Não tem nós dois, estou tendo dificuldades para entender.

Eu queria parar de chorar, eu queria correr para um abraço aconchegante seu e esquecer tudo. Me dá só a parte de boa? Não sei o que fazer com o resto. Não sei lidar, está acabando comigo. Mas terminar com você seria eliminar o que ainda resta em mim de alegria e motivação.

Eu não sirvo pra esse negócio de viver, sabe. Preciso de muito pouco pra me colocar em cima de uma cama e desaprender como e por quais motivos eu deveria me levantar. Um ápice absurdo de falta de forças. Eu só fico esperando algo que vai me fazer parar. Mas sabe o que é estranho? Pode ser dolorido demais, insuportável e desesperador. Mas de alguma forma e sei lá porque diabos, eu continuo a viver.

Acho que eu vou sobreviver. De novo.

terça-feira, 14 de junho de 2011

Macarrão

Viver é tão cansativo. Exaustão - é o que implica qualquer movimento de vivacidade. Eu fico imaginando com que forças eu vou tirar o macarrão do forno, preparar o molho, comer, lavar o prato, escovar os dentes, fazer a cama, trocar de roupa, dormir. Eu só entendo a parte de dormir - é o que alivia, né? Mas tem que existir outros alívios por aí.
Eu estava com tanta procura pelo alívio. Botei o macarrão no fogo, pensei em todas as possibilidades culinárias de prazer, envolvendo o macarrão. Tempero, molhos, modo de preparo. E agora, ele está lá. Cozinhando, enquanto eu escrevo sobre a minha incapacidade de ser feliz, a ponto de esperar de um mero macarrão qualquer sentido nessa vida. Ele está lá, cozinhando até desfalecer, porque eu já desisti de buscar nele o meu alívio. É sempre assim, no meio das coisas, elas parecem perder a graça, perder o alívio que poderiam me dar, perder o sentido de viver que anteriormente eu tinha atribuído à elas. Percebe como viver cansa? Cada coisinha cansa. Cansa, cansa, cansa até me motivar a ter suspiros profundos de desesperança.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

são essas pequenas, minúsculas, idiotas motivações.

Parece que o mundo entrou inteiro dentro da minha garganta. E ficou difícil respirar. Não sei se o ar não quer mais sair, não consegue mais sair ou não pode mais sair. Ou eu estou provocando inconscientemente meu próprio sufocamento, só porque eu desisti momentaneamente de viver? Mas morrer asfixiada não é a melhor forma de morrer. Talvez seja a pior. Eu sinto um pouquinho dessa morte ao subir três lances de escada.Durante esse arriscado e exaustivo esporte, sempre me imagino parando definitivamente de respirar no fim. Uma morte calada, um desmaio, um último suspiro. Pessoas passam pelo meu corpo jogado e sem vida, se viram pra si mesmas, suas próprias vidas e seguem normalmente, seus respectivos caminhos, sem dor, susto ou choque. Ou não. Ou minha morte seria apavorada, aflita, com gritos contidos, expressão facial de pânico, as veias saltando, o ar querendo entrar e sair, mas não entra, nem sai, nem se comove. Fica ali, parado me vendo morrer. As pessoas se aglomeram, gritam, pedem por socorro, a ambulância chega, não sei quantos enfermeiros se alojam por cima do meu corpo e tentam com as mais malucas técnicas tirar dele alguma vida. Mas é em vão. Uma morte sofrida e apavorada, seria assim? Como seria melhor morrer? Eu penso nessas (e em outras milhares) de possibilidades, durante todo o trajeto, mas no final eu chego viva, apavorada, com bombinha na mão, mãos no pescoço pra encontrar o ritmo da minha respiração, gosto de berotec na boca, suor, pavor, tonteira. Me agarro à qualquer coisa, espero o ar voltar, o ar entrar, o ar sair, ok. Não foi dessa vez. Mas tudo bem, não deve ser mesmo o melhor jeito de morrer.

As vontades querem prêmios, precisam desabrochar, sair, ganhar mundo, conquistar. Mas elas se calam, abandonadas, tornam-se imperceptíveis. E então elas viram feridas. Doloridas, cansadas, sufocadas. Elas só queriam viver, mas eu tranquei elas todinhas dentro de mim, ignorei a existência desses gritos de anseio ressoando aqui. Ninguém pode viver assim: tão trancafiado, tão indiferente aos olhos alheios, tão invisível. Um dia, esse alguém vira ferida. Viraram todas aqui na minha pele. Eu pego nelas e sinto: essa é a dor que eu calei. Essa é a vontade de existir que eu tapei os olhos, os ouvidos, e a mente pra não perceber. O que será que tem dentro dessas bolhas? É tristeza, é mágoa, é pesar? Esse líquido amarelo pegajoso, que me dá asco e raiva, é o preço da indiferença? Essa coceira, essa dor, essas manchas, é uma maneira de me fazer entender que eu não deveria ser uma homicida do que é tão nobre, tão necessário, tão vital? E é tão meu. Mas quem disse que eu quero saber de mim? Sabe, eu não escolhi estar aqui, e muito menos ser quem eu sou e muito menos sob essas circunstâncias. Eu tento escolher uns bons caminhos, mas parece que sempre dá errado. Olha só pra minha pele. Olha só pro meu pulmão. Olha só pro meu estômago. Todos eles estão tentando me dizer: essa maneira que você escolheu pra viver, está errada.

Parece que são essas pequenas, minúsculas, idiotas motivações que me fazem sentir viva e brevemente realizada. Não, esse negócio de plenitude se perdeu em algum lugar do espaço, ela não está entre nós. Planejar meu dia, meus horários, minhas tarefas. As receitas pra fazer, os livros pra ler, os médicos pra ir, os filmes pra assistir, os restaurantes pra conhecer, o próximo episódio da série, a próxima cerveja, a hora de dormir, aquele cd pra baixar, meu quarto pra arrumar, 2kg pra perder, o aniversário de não sei quem, o café pra fazer, o chocolate pra comer, fulano pra visitar, 10 minutos da soneca do despertador, o banho quente, um perfume, uma piada, uma novidade besta, a roupa nova, o email pra receber. E quando tudo acaba? Todos esses bestas incentivos da vivacidade desaparecem, deixando só uns buracos, vácuos de silêncio apavorante? Eu subo as escadas. E fico imaginando como eu vou morrer. Mas permaneço viva. No final, eu ainda respiro, mesmo que com uma dificuldade impossível de imaginar em alguém com menos de 90 anos. E me parece uma espécie de vitória, recheada por uma breve e estranha emoção. E quando ela se esvai, então eu tento buscar outros, quaisquer, vários e os mais absurdos e ridículos motivos pra estar viva, pra continuar estranhamente e despropositalmente, a viver. E não entendo como buscar incansavelmente (mas veja, eu já estou cansada) por esses motivos pode resumir a existência, pode nela se basear todo o significado da vida.

quinta-feira, 31 de março de 2011

Um mundo pra mim.

''Parece que eu tenho mais criatividade que Deus''. Pensamento genial no meio de uma aula de dança. Não, mas não é isso. A diferença entre a minha criatividade e a de Deus, é que eu crio todas as possibilidades ao meu favor e Deus apenas bola maneiras de me fazer viver o que eu preciso viver. Não, eu não me tornei religiosa e esse Deus ao qual me refiro é só um exemplo didático para dizer sobre a lógica misteriosa por trás dos acontecimentos da vida. Eu precisava sentir essa dor que eu já espalhei por aí, sem o menor escrupulo. Eu precisava ver o tamanho dessa rejeição que eu já dei pra tantas pessoas e nem me importei com o poder dela de minar uma auto-estima. Eu precisava entender que as pessoas tem sentimentos, que esses sentimentos podem massacrá-las e que não é justo causar isso só pra sentir meu ego se inflar.
E eu precisava de um pouquinho mais de bom senso, me valorizar mais, idealizar menos o outro e ponderar minhas atitudes. Ou não, ou agir com minhas maluquices, ilusões e entrega desmedida à algo ou alguém que não merece, só pra entender depois que isso tem que parar, que isso não funciona, que uma hora vou ser devastada pela verdade e pela frustração.
Acho que eu precisava também ignorar a sedução, a auto-afirmação, a vaidade e os desejos desmedidos do corpo, colocados acima de tudo que parece mais razoável e sensato.
Precisava também entender e me convencer do que eu realmente preciso. E não, não era nada disso. Parece que nunca é. Parece que esse mundo que eu construi me prova mais e a cada dia, que eu não posso pertencer a ele. E que eu vou ter que inventar e descobrir o melhor mundo pra eu habitar. Eu estou construindo, aos poucos me descubro, me entendo e sei o que colocar e tirar da minha vida. Mas... muitas e muitas vezes ainda me vejo perdida e apegada a velhos e desprezíveis comportamentos. Que não são meus, na verdade. São invasões e mentiras.
Tenho muitas vezes a impressão de que estou sendo bombardeada pela realidade, que me abalo profundamente com coisas mil que não sensibilizam minimamente grande parte das pessoas. Parece que tem essa fragilidade inerente a minha existência que me mortifica a cada passo dado em falso, a cada constatação um pouco dolorosa (sempre muito dolorosa), parece que sinto esse mundo me engolir e me cuspir de volta: machucada, cansada, perdida. Parece que eu enxergo demais, intenso demais, insuportável demais, além do que de fato existe. Mas isso(existir)não é tão relativo? Eu sempre escuto que eu dramatizo demais, choro demais, exagero demais. Mas qual é a referência das pessoas? E o que importa não é o tamanho de tudo que eu sinto e sim o que essa intensidade faz comigo. É desse tamanho mesmo que o sentimento está em mim: grande demais.
E o que me cansa e confunde e complica tudo é escutar as pessoas me dizendo como eu deveria viver. Chega.

Como eu devo construir meu mundo, eu mesmo vou me encarregar de descobrir.

terça-feira, 29 de março de 2011

viver a vida na prática

Deve ter um jeito de conciliar razão com emoção. Deve existir alguma maneira de agir apenas de acordo com a emoção e depois não ser devastada pelas consequências desse ato. Ou eu deveria abolir minha emoção? Agir pela razão e pelo bom senso sempre, sempre, sempre, até virar um robô? Não sei. Por que acho que não deve ser bom ser um robô mas, sei também que não é fácil lidar com as consequências de atos impulsivos e 100% baseados no sentir, no desejo, na vontade. Ok, eu sei que eu deveria encontrar algo chamado de meio-termo. Mas nunca encontro. Nunca.

Tem que existir um jeito de ser mais fácil, de problematizar menos, de sentir menos culpa, de deixar tudo mais simples e natural. E eu precisava descobrir aonde começa e termina a verdade - aquela que não sofre a contaminação de influências alheias, da emoção exacerbada, das expectativas, das ilusões, do masoquismo, da auto-sabotagem, do vício em auto-culpabilização, do moralismo e dos traumas.

Parece que o mundo é meio embaçado e confuso por aqui. A teoria é linda: funciona, é prática e objetiva, se baseia em tantos e ricos fundamentos. Não tenho nenhuma modéstia ao afirmar que sou ótima na teoria. Mas pra mim, viver a vida na prática, é umas das coisas mais difíceis da Terra. Pois além de ser humana, e ter, portanto, toda essa complexidade que confunde e complica tudo, eu sou mulher, de tal forma que essa complexidade se torna cerca de 100 vezes maior (e 100 vezes mais dolorosa).

Mas tem que existir o bom senso, o meio-termo e a verdade, pra tornar tudo mais fácil. Tem que existir. Em algum lugar, tem que existir. Preciso descobrir aonde encontrá-los. E eu vou. :)

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Ainda não.

Eu aqui. O mundo lá. Eu, meu laptop, as pessoas de mentira no msn, as músicas de respaldo pra fantasia, minha reclusão, meu silêncio. E negando que existem decisões a serem tomadas e uma vida pra (continuar a) construir. Estática, cansada, parada, anulada, fugindo, negando. Eu não sei viver, ser adulta, ter essas vontades todas que garantem uma vida saudável e promissora. Não sei trilhar caminhos, eu busco esconderijos. Não encontro forças, vontade e energia aqui dentro. Não sei de inciativa, não consigo me entregar, desconheço a possibilidade de riscos e ignoro qualquer coisa que em algum momento possa me remeter à dor. Acho fácil construir um palácio de mentira, uma vida alienada, umas realizações de mentira, algumas ilusões infantis, uns amores absurdos, uma novela das 8. Mas construir coisas concretas na vida real, é... isso sim deve ser difícil. De repente, voltei pra Wonderland e me perdi no caminho de volta. Mas também não me esforcei para encontrá-lo. Existe conforto aqui. Existe estabilidade. Mas existe vazio também. E culpa. E desespero e vontade de fugir léguas e léguas, enfrentar, viver, arriscar, me doar para a vida. Mas... não. Não encontro forças aqui, dentro de mim. Ainda não.