sexta-feira, 9 de setembro de 2011

No singular.

Não dava pra ser só bom? Só beijos, abraços, risadas, pele macia, cheiro gostoso, carinho, mãos dadas e amor pela manhã? Não dava pra ser ser só jantares deliciosos, todas as minhas vontades realizadas, toda a minha importância considerada, e me sentir assim, de maneira tão incrível e inédita: amada. Amada demais, a ponto de até duvidar da verdade por trás de tudo isso, de desconfiar da realidade, de mim mesma, de tudo que me era apresentado.

Eu jurei pra mim mesma, no auge de toda a minha ingenuidade, que não permitiria que mais ninguém fizesse isso com meu coração, com a minha vida, com o meu corpo, com tudo que era meu e agora tá em qualquer canto, perdido por aí, despedaçado, morto, detonado.

Eu não sei por que eu tô chorando tanto. Por que tudo isso? No final do dia, eu vou voltar pros braços dele, iludida, apaixonada, com sorrisos e alegria de curto prazo de validade. Que atitude eu vou tomar? Que atitude eu consigo tomar? Por que vc está me pedindo coisas que não posso fazer? Não posso, olha pra mim, com tanto esforço e amor, e ainda não consigo cogitar por um segundo aceitar o que você me pede. Mas não consigo ficar sem você. Por que não existem outras escolhas? Veja, meu corpo não vai aguentar, minha saúde mental vai desfalecer e uma hora toda essa alegria que eu vivia vai acabar e todo esse amor que eu recebo, eu vou deixar de enxergar, e tudo vai perder o sentido e a importância, então POR QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO ESSA BURRICE? Por que você fez essa estúpida escolha e me envolveu no meio dessa sujeira? Será que você não vê que vai perder um amor bonito e delicioso como o nosso por algo que não vale a pena? Que daqui há 10 anos você estará sozinho, cansado, exaurido, frustrado e não terá ninguém para lhe afagar os cabelos pela manhã ou te dar as mãos numa tarde de domingo? Você vai olhar pros dois chuveiros que você construiu no seu banheiro e vai se lembrar de mim todas as vezes que você tiver que tomar banho sozinho ou com alguma pessoa com a qual você irá se relacionar superficialmente e que será incapaz de te oferecer todo o amor que eu tenho pra te dar. Eu não vou ter mais minhas quintas-feiras de saudades e alegria pra te dar, vou voltar de Paracatu, sem saber porque. Vou me arrepender de ter feito tudo em nome de nós dois e ter ficado sozinha, no final das contas. Vou me arrepender por você, por nós, pela vida tomar um rumo no singular, cada um com a sua, mas era pra ter sido a nossa vida - não sei de um dia vou conseguir me acostumar.

Eu assumi todos os problemas, os 23 anos de diferença, as filhas, a ex-mulher, o meio social, o preconceito e os olhares tortos. E agora? Quais os riscos e as dificuldade você assume em nome de nós dois?

Nenhum.

Não tem nós dois, estou tendo dificuldades para entender.

Eu queria parar de chorar, eu queria correr para um abraço aconchegante seu e esquecer tudo. Me dá só a parte de boa? Não sei o que fazer com o resto. Não sei lidar, está acabando comigo. Mas terminar com você seria eliminar o que ainda resta em mim de alegria e motivação.

Eu não sirvo pra esse negócio de viver, sabe. Preciso de muito pouco pra me colocar em cima de uma cama e desaprender como e por quais motivos eu deveria me levantar. Um ápice absurdo de falta de forças. Eu só fico esperando algo que vai me fazer parar. Mas sabe o que é estranho? Pode ser dolorido demais, insuportável e desesperador. Mas de alguma forma e sei lá porque diabos, eu continuo a viver.

Acho que eu vou sobreviver. De novo.

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