domingo, 5 de julho de 2009

Meu dia no lixo

Acho que eu joguei meu dia no lixo. E acho que continuo jogando. Pessoas íam me incomodar, eu sabia. Mas mesmo assim, quis abstrair probleminhas afetivos ridículos, silenciar uma mente paranóica ridícula e esquecer a existência de um relacionamento absolutamente e inquestionavelmente, ridículo. Como se eu não me conhecesse, e soubesse que para mim o melhor caminho é sempre o aprofundamento, o vivenciar sincero e visceral do sofrimento, do choro, da raiva, da frustração, pra depois adquirir calma, tranquilidade, respostas e caminhos. E não essa alienação. Mas mesmo assim, me joguei num ciclo de pessoas, que me incomodaram muito, e eu sei, elas também se sentiram incomodadas ao ver a minha dificuldade de afeto, minha falta de interesse e meu autismo de não suportar conversas, risos e comentários.
Cheguei em casa, com 5h de noite mal dormidas, dor no estômago, enjoo e frio. Me apossei de cobertores e me pus a ler, dedicada, o artigo chatissimo de inglês, sobre uma assunto que pouco me interessa. Então, eu percebi que eu estava insistindo na fuga. Estava negando de novo. Então, mandei às favas minha razão: explodi, chorei, questionei mil coisas pra tentar entender. Entender o que? O que há pra ser entendido? Essa falta de razão e sentido quase me leva à loucura. Você não é nada, eu não sou nada e o que nós temos não é nada. Eu não sinto nada, você não sente nada, existem mil estratégias elaboradas para manter isso, sistematicamente encenadas nesse palco de mentiras que nós armamos. As conversas, os elogios, os relatos de saudade, o interesse pela vida um do outro, os abraços, os beijos, os encontros, as mãos dadas, o primeiro beijo mecânico ao te encontrar e o último beijo cheio de esperanças falsas ao me despedir, o carinho no rosto, o cafuné, a forma carinhosa de nos olharmos - tudo isso, absolutamente desprovido de verdade e sentimento.
É isso que eu preciso entender. Só isso. Entender, aceitar e resolver o que vou fazer com esse entendimento.

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