quinta-feira, 30 de julho de 2009

Hoje eu decidi anular meu dia. Acordei meio dia, a manhã eu já eliminei. Acordei morta de sono, ressaca, cabeça vazia. Pra que viver o resto do dia? Vou me entregar à tarefas vazias, vou rir da minha produtividade científica, não vou fazer almoço e nem vou almoçar - e dá-lhe veneno em forma de comida. Vou acabar com meu estômago também.
Vou fazer "pesquisa" no orkut, descobrir sobre a vida alheia, mas é óbvio, que vida nenhuma é interessante a ponto de me fazer perder um minuto da minha própria vida, pesquisando-a.
Vou andar pelas ruas e lojas, buscando coisas que eu não preciso. Vou pensar sobre o que não faz o menor sentido. Vou cultivar amores platônicos multíplos por pessoas que não existem. Vou fantasiar, inventar, enlouquecer e olhar pro mundo como se não tivesse a menor graça a vida real. Vou estacionar livros, músicas, cinema, conversas interessantes, tarefas relevantes e meu projeto.
Vou fingir que eu não existo hoje, só por hoje. Decretei que não tenho cabeça e saco pra viver.
E a culpa aqui, me corroendo. Sou absolutamente paranoica com indíces de produtividade, em dar sentido a tudo, e me preocupando exaustivamente e sempre, sempre, sempre em dar valor a cada segundo da minha vida. Não desperdiçar energia, tempo e dedicação com atividades que não vão me levar a lugar algum. Fiz isso com todas as horas do meu dia - desperdicei.
Fico pensando como grandissima parte das pessoas faz exatamente isso com exatamente tds as horas de tds os seus dias, e isso lhes parece tão natural. Não estou dizendo que eu esteja certa de perseguir obsessivamente a minha consciência com cobranças a respeito da valorização das minhas atividades - é doentio também. Mas é simplesmente muito difícil de imaginar como é possível viver o extremo oposto da minha doença. E se considerar feliz.

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