terça-feira, 5 de maio de 2009

Maldita Amigdala

Sabe os viciados em morfina que começam a se contorcer de dor quando efeito do remédio começa a passar?! Sou eu, sete horas da noite, há dois dias.
Hoje eu fui esperta, almocei lá pelas 17h (é, enrolo pra comer até que meu estomâgo comece a gritar de dor e a virar do lado avesso. e não é frescura não, não dá pra explicar aqui o quanto dói engolir. mas não me intimido ao mostrar minha única amigdala, 10X maior e jorrando pus, talvez vocês ao menos imaginem o meu súplicio), um pouco de lasanha e água. Então consegui engolir sem fazer escândalos. Estou tomando um antiinflamatório de 12 em 12h, e é sempre às 9 e meia (da manhã e da noite) que eu engulo os tais comprimidos. Lá pelas 19h, o efeito dele começa a passar, e em breve precisarei de outra dose. Mas antes, esperarei cerca de 2h30 pra isso. E é uma oportunidade ímpar pra querer morrer, querer que o mundo exploda, querer que essa merda toda acabe, porque não existe razão pra sso, eu não mereço isso, não é possível, meu deus. E chorar e resmungar e odiar de maneira pluridirecionada.
Ontem, com o meu estômago se auto-destruindo em ácido clorídrico (não duvidem da potência da combinação: antibíotico + antiinflamatório + gastrite crônica), não pude resistir e comi, apavorada, 3 cream-crackers e meio copo de leite, aos prantos. Chorando, gritando, me contorcendo, esperando por qualquer socorro. Mas que socorro?! Tem que esperar, silenciosa, em inanição, cheia de mal-estar e dores, chorando e gritando e odiando o mundo, até que esse maldito remédio tenha mais efeito sobre minha amigdala do que sobre meu estômago. Tem que esperar calada, sem reclamar, sem chorar nas vistas alheias e sorrindo e sempre respondendo "estou melhor, sim" à tediosa pergunta "e aí, tá melhor?". E indo assistir aulas e estudando - mesmo sendo condenada terrivelmente por isso, por colegas e mãe e amigos, e comendo e conversando brevemente e rindo. Mas aí, as pessoas se comovem com minha capacidade ímpar de transparência e vem me perguntar ou comentar sobre a doença. Mas não importa, eu digo "é amigdalite". Ai elas tentam mostrar solidariedade e dão continuidade à conversa, reclamando da vida. É, meu camarada, não reclame porque está frio ou você está com preguiça e que aula tá chata. Sua saúde é de dar inveja. Eu daria qualquer coisa pra ter sua preguiça, seu frio e assistir mil aulas chatas, pra não sentir esse monte de coisas que você, apesar, de mostrar misericórdia, jamais soube o que é. E nem quer saber. Mas eu apenas concordo com tudo e sorrio.

Então, me deixem reclamar aqui. Porque não tem pessoa no mundo que mereça escutar todas essas lamúrias, então eu guardo tudo pra mim. Mas posso desabafar aqui. E você também não precisa ler, porque, sem dúvida, tem coisa mais legal por aí. Mas só me deixe descarregar.

E só pra dizer que eu não perdi o otimismo: não hei de lamentar porque o maldito médico me arrancou apenas uma amigdala, se podia me fazer ficar livre das duas. Afinal, o problema maior não é ter uma amigdala. Imaginem se eu tivesse duas?! Pelo menos, me livrei de uma. =)

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