quarta-feira, 29 de abril de 2009

Escolhas

Hoje eu chorei no ônibus escutando Lenine cantar pra mim, a respeito de como a minha vida anda absurdamente fora do meu alcance.

Sim, porque essa maluquice de dedicação exclusiva, integral e quase obssessiva pelos estudos, tem, cada vez mais, feito com que a minha vivacidade desapareça. Meus hobbies, minhas músicas, filmes, livros, pessoas. O que eu amo tem ficado num canto esperando para que um dia eu possa, finalmente, olhar pra eles, me comover e voltar a viver com intensidade e entrega esses amores.

Os livros que eu fiz empréstimo de 1 mês na biblioteca pública e nem abri. E veja bem, eram livros que eu tinha um verdadeiro e grandíssimo interesse, de autores que eu gosto, tratando de assuntos que eu amo e me apetecem muito, muito mesmo. Nem abri.
Demorei 3 dias pra conseguir terminar de ver um filme alugado e ainda sim entreguei com atraso e pelo dobro do preço original.
Mal converso com minha mãe, mal encontro com meu pai, mal sei das minhas amigas de faculdade (mas tudo bem que isso é um problema delas também, e de algo obscuro e estranho que surgiu especificamente entre eu e uma delas, e que eu não aprendi a administrar. Mais estranho ainda é a força que isso tem, que me leva a afastar de todas as outras).
Fico exatas duas semanas sem mover um dedo para arrumar meu quarto, e espero calma e indiferente as mãos mágicas da faxineira quinzenal fazer o serviço.
Não me depilo, não faço a unha e minha sombrancelha grita por socorro.
Não vou mais ao cinema, ao teatro e à savassi fazer comprinhas esporádicas. Afinal, o tempo é mínimo e é preciso escolher. E eu escolho mal: álcool, forró, inferninhos e noites viradas. Acaba com minha saúde, minhas noites de sono, minha imunidade e sobretudo, meu dinheiro. Na última dessas vezes, minha moral acabou também, o que me fez repensar um milhão de vezes sobre meus princípios, meus valores, minhas vontades, meus anseios, minha verdadeira essência e essas coisas todas que norteiam a mente de pessoas chamadas de sensatas. Digamos que eu faço isso, muitos "days after", desde os 19 anos. Até que eu aprendi muito desses anos pra cá, mas essas recaídas rolam eventualmente e me afundam numa culpa terrível.

Enfim, estou precisando escolher melhor, em todos os sentidos. E escolher mais possibilidades, me limitando assim, vou deixando a vida pobre e tão pouco. Apesar de amar fazer o que faço, amar estar onde eu estou e amar estar cercada diariamente por quem eu estou, preciso entender que o mundo se extende quilometros além disso. E não posso deixar morrer em mim prazeres, motivações, interesses que me fazem tão bem, me realizam e me constroem um ser humano melhor e mais feliz.

Estou precisando de mais calma, meu corpo, mais de alma. Porque a vida é tão rara.... Enquanto o tempo apressa e o tempo acelera eu quero poder fazer hora e ir na valsa. Porque a vida é tão rara...

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