quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Lizzie no more

Acabei de assistir “Geração Prozac”. Tá, digamos que não é lá nenhuma obra-prima da sétima arte, ainda mais quando se trata de um filme que tem a canastrona master Cristina Ricci, no papel de protagonista. Me deu vontade de ler o livro. Deve ser qualquer coisa mais sensível e profunda do que esse roteiro de Sessão da Tarde que corta cenas consideradas assim, mais agressivas. A canastrona chega no hospital dizendo que cheirou cocaína, fumou maconha e usou exctasy, mas a película matinê não mostrou absolutamente nada e a tal atriz com aquela cara de quem comeu e não gostou, parece ser o último dos seres humanos que está há dias virada e se drogando às pampas. Quer dizer, me senti enganada e tratada como uma criança abobada em mais de 10 vezes durante todo o filme. E antipatias à parte, a verdade é que o roteiro é mesmo fraco, fraquíssimo. Mas, enfim, não é sobre isso que eu quero falar. O que eu queria falar desde o início mas a prolixia não me permitiu é: eu era Lizzie (a protagonista) há uns 2 anos atrás. Sim, eu era ela. Tirando a parte da cocaína e o exctasy, porque pelo que eu sei de mim, estaria entranhada na sarjeta-mor, se assim fosse. É estranho demais se ver contada num filme assim. E rir das loucuras delas, da desestabilidade, da desorganização e da instabilidade mental e ainda dizer pra mim mesma, cínica e cara-de-pau que sou: aí, que louca, genteeee! E ver a preguiça que as pessoas tinham dela e o quanto elas se esgotavam de tanto ajudar e simplesmente passavam a dizer coisas simples e impensadas pra acalmar todos aqueles devaneios, histerismo, descontrole. Eu vi pessoas ignorando o meu sofrimento e o meu desiquilíbrio, achando que tudo se tratava apenas de uma menininha mimada e ingrata. “Dê valor ao que você tem e ao que você é, seja feliz. Larga de frescura, santo Deus!” É estranho ver que esse é mesmo o nível de ignorância das pessoas. Sem exagero nenhum, enquanto você pira, elas acham que você tá fazendo novela. “Eu não tenho uma fórmula mágica, mãe”. Não tinha, né. Aí, apareceu o Prozac. Que daqui a pouco vira um Deus cultuado em qualquer uma dessas religiões inventadas nos dias de hoje. Escutem o que eu tô falando. Se até a Cientologia foi inventada baseada no culto de extraterrestres, cultuar esse “santo remédio” me parece inclusive, muito mais pertinente. Este, que ao meu ver, não tem nada de santo. Mas isso é assunto pra outro post, minha gente, pois preciso controlar minha verborragia.


Hoje eu vejo que o meu descontrole era necessariamente reflexão da minha imaturidade, entre outras coisas. Hoje eu sou uma pessoa super controlada e racional, viva! E posso ver minha história contada por um desconhecido, num filme ruim e ainda achar graça de tudo, viva! Achar graça das minhas loucuras, dos absurdos que eu fiz contra mim e contra milhares de pessoas e juro que se eu começar a relembrar vou me martirizar muitissimo num remorso infundado, então, sem exemplos por favor. Da depressão, dos gritos, dos telefonemas, dos desaforos, dos choros, choros, choros. Das bebedeiras, das idiotices. Das coisas que eu nunca deveria ter dito, que eu nunca deveria ter feito. Das escritas compulsivas. E confesso, que ainda me pertuba muito quando eu reconheço em mim traços e atitudes típicas dessa Marina-Lizzie. E quando isso acontece eu sinto tanta raiva e tanta culpa. Hoje, eu acredito realmente que sou uma pessoa mil vezes melhor e me controlo todos os dias, todos os segundos para ser. E adoro a sensação de poder manter meu vulcão silencioso, calmo e paralisado. Esse auto-controle faz com que eu me admire e me ame mais. Eu me sinto tão realizada, tão adulta e sensata. Mas eu já bem sei o que acontece quando eu me canso de tudo e mando à merda esses meus princípios e equilíbrio e placidez. Ah lá, já deve ter começado. Porque eu estou falando palavrões e eu nunca falo palavrões. Palavrão é algo que particularmente me irrita.


Fico feliz em não ser mais Lizzie. Por enquanto. Vez ou outra me vem a sensação de que não poderei mais controlar meu vulcão. E aí, minha fuga de Wonderland parece cada vez mais distante. A eterna e incansável fuga.

Nenhum comentário:

Postar um comentário