terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Eu estou com o estômago em embrulhos, a cabeça como um ventilador e enfim, muito cansada mentalmente. Ao mesmo tempo com uma incrível incapacidade para raciocinar. Deve ser só essa viagem que me muniu de ansiedade, expectativa e muito, muito ácido clorídrico estomacal. Porque diabos, fico imaginando o acontecimento de fatos que na verdade só possuem 0,001% de se concretizarem? A verdadeira arte de ver problema onde não tem. E se fosse ao menos imaginar torcer pelo encontro casual, o encontro óbvio, o sorriso e a presença. Mas não, lá está a velha e conhecida Marina, em seu incurável pessimismo, fantasiando catástrofes. Contando dias no calendário, confidenciando paranóias para os mais íntimos e me iludindo na situação de estar realmente compartilhando algo. Descobri hoje, num momento da minha vida no qual as pessoas tinham uma imensa importância como meus cúmplices quando vivi grandes alegrias e conquistas, que não existe nada no mundo mais solitário que o sofrimento. O seu sofrimento, o seu problema, os seus dias no calendário, os seus erros, as suas tolices, a sua inconseqüência. Não importam o quanto digam de mais óbvio (“Marina, não tem nada acontecendo, fique tranqüila!”) para me consolar e arrancar de mim a angústia, eu sempre estarei vivendo o tal problema. Eles voltam pras suas vidinhas, de trabalhar, estudar e enfim, realmente se preocupar com algo que esteja no campo da realidade, enquanto eu permaneço resoluta, trancafiada e irremediavelmente presa ao MEU problema. Droga. É porque tudo estava tão perfeito, eu tinha que detonar bombas de azar, pessimismo, culpa, remorso, auto-comiseração, auto-flagelamento, essas armadilhas todas que só eu sei tão bem como criá-las para me destruir. E quando eu falo da fragilidade da vida humana, estou também falando o quanto é angustiante pensar que pequenos detalhes são responsáveis por uma vida inteira – de lamentações ou de alegrias. É possível impedir grandíssimas tragédias se o mínimo de cautela, racionalidade e sorte nos acompanhasse no momento ápice do erro. Um erro que está disfarçado de um monte de coisas que nossa emoção e desejos não nos permitem ver e quando constatamos, ele era sim um erro, nos é que demoramos demais para desvendá-lo. Ou apenas o fizemos quando ele declara impiedosamente suas conseqüências. Tá, tô dramatizando. Não, tô falando a verdade, mas no meu caso, desse meu problema, nada disso serve. Afinal, nem há problema de fato, apenas um possibilidade remotíssima e eu me prendo a ela com todas as forças porque eu tenho mesmo muito prazer em sofrer e me culpabilizar. Por que eu não posso ser simplesmente feliz como eu havia sido no último mês? Epa, nem percebi e já estou me despedindo da felicidade. Nada disso. Ela está aqui, latejando, lutando pra se mostrar diante dessa lama que eu instalei em mim. Ainda vou ser feliz. Talvez a praia, o sol, a itaipava gelada e a companhia deliciosa e engraçada das meninas me tire desse meu mundinho neurótico de tragédias que inexistem (mas por mim são criadas) e eu possa finalmente perceber que a vida vai muitíssimo além da minha mente (droga, odeio minha mente. ela me oferece mais problemas que qualquer ser humano mereça). Se me perguntarem qual tipo de cirurgia plástica eu me interesso, sem dúvida alguma e sem hesitar direi em alto e bom som: vamos lá, comece logo essa lobotomia. Eu sou o perfil da típica pessoa emocionalmente sofrida que busca desesperadamente alternativas para calar seus demônios: ioga, medicina chinesa, florais. Mas só não faço nada disso por simples noção do ridículo. Minha mãe me diria pra fazer atividade física, meu pai me recomendaria um livro e meu irmão um bom cd. Mas o que eu preciso mesmo, minha gente, é de vergonha na cara.

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