sábado, 11 de fevereiro de 2012

Contrato de Ilusão

Eu imagino que tds as vezes que eu te mando emails e que temos discussões, no final das contas a única coisa que eu quero resolver de verdade é o fato de vc não ser quem eu gostaria que vc fosse.

Aquele cara carinhoso, amável, apaixonado, solidário, sensato, sensível. Aquele cara de uns 4 meses atras, por quem eu me apaixonei perdidamente e agora eu não sei mais aonde ele está. Estou há meses tentando encontrá-lo em você. De vez em quando ele dá alguns sinais de que ele pode vir a existir, mas não. Me enganei de novo. Você pode ser uma pessoa bacana em um monte de coisas, mas existe um monte de outras coisas que vc me oferece e que me agridem, me machucam muito. Egoísmo, desamor e insensibilidade.

Não existe NÓS. Existe vc, seus berros, suas determinações, suas vontades e um ''azar é seu'' no final da ligação. Não existe cumplicidade. O que eu quero? Não existe. O que eu penso? Não tem valor. Como eu me sinto? Não importa. Meus desejos? Insignificantes. Não existe uma relação, não existe acordo, não existe nenhuma decisão no plural, é apenas um ''EU quero'' que ignora sem dó meus sentimentos. Vc só me diz o que quer. Repete o que quer. Esbraveja o que quer e como se sente e como vai fazer e como pensa. Não existe discussão para se chegar à alguma conclusão. Vc impõe, vc grita, vc me acusa, eu choro e resignada permaneço na relação buscando em vc aquele cara por quem eu era apaixonada. Mas NÃO, eu preciso entender que aquele cara NÃO existe.

No início da relação é estabelecido um contrato de ilusão. Você se fantasia de homem perfeito, eu acredito nessa perfeição piamente, crio sonhos românticos e não há nada que me faça questionar a possibilidade concreta de que você é o homem da minha vida.Eu me fantasio de mulher indefectível, maravilhosa, uma imensidão de virtudes, amorosa, deusa do sexo, madura, sensata e solidária. Você acredita piamente nessa fantasia, e ama sem limites essa personagem, fruto de uma ação mútua e doentia de enganar e ser enganado. Nascemos um para outro, não é óbvio? E porque tantos anos se passaram na vida sem que a nossa convivência fosse permitida, sem que esse amor profundo, imenso, inquestionável e incondicional nos acometesse? Não eramos felizes antes, conhecemos a verdadeira felicidade ao cruzarmos nossos olhares e fundirmos nossas vidas em uma só existência de satisfação orgástica.

Olha o tamanho dessa mentira.

No final de tudo, choramos e sofremos e nos descabelamos em desespero porque nos deparamos com a mentira. Descobrimos que fomos terrivelmente enganados. Descobrimos que aquela realidade linda e florida é na verdade, uma fantasia ridícula, e nem todas as forças divinas do Universo, nem todo o esforço em tentar acreditar, nem todas as orações e nem toda a obstinação em querer transformar os fatos, transformará a mentira em realidade.

Fomos punidos pelo nosso desejo irracional de nos realizar emocionalmente baseando-se num estapafúrdio e infantil possível encontro de almas gêmeas.

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