terça-feira, 3 de janeiro de 2012

tanto faz.

Como eu fui virar isso? Essa coisa silenciosa, imune à tudo, cegada, com opiniões vagas, com a cabeça balançando em afirmativa, sem pensar. Como eu perdi desse jeito (tão rápido, estranho, incompreensível), minhas referências? De olhar pra mim e não saber de mais nada. Que vida é essa e quem essa aí de olhos tristes e vazios no espelho? Não sei. Tem um buraco absurdo que assola minha alma. Não sei mais quem sou eu de verdade e isso é uma afirmativa que pode em algum momento ou por quaisquer justificativas não parecer imbecil? Vivo os dias contando os minutos. Nunca fui verdadeiramente assolada por algum sentimento forte e espontâneo de vivacidade, i know. Mas agora está inevitável não clamar pelo desejo de viver. Não, eu não quero viver. Eu quero TER VONTADE de viver. Eu não sei porque não me enxergo mais em nada, não me reconheço nunca, eu poderia me chamar Jane ou Alice (Closer feelings) ou qualquer outra coisa - tanto faz. É essa expressão que define tudo nesse momento: TANTO FAZ. Tanto faz o que eu sinto, o que eu penso, quem eu sou, meus princípios e minhas vontades - veja, não possuo mais nada. Não quero conversar, não sei mais conversar, do que você quer falar? Não entendo de nenhum assunto, não consigo me expressar, tem um vácuo no meu cérebro e um buraco ainda maior na minha alma. Não, eu não consigo te dar nenhuma resposta, não faço ideia de como isso foi acontecer. Eu sei que algo muito forte e avassalador reprimiu a minha existência. E então eu apenas finjo viver, com uns sorrisos amarelos, forjando qualquer alegria, qualquer interesse. Amanhã eu faço 26 anos. Não tenho a menor, a mais vaga e mínima ideia do meu futuro. Não sei de planos, objetivos, metas. Estou perdida, inteiramente perdida. Eu poderia traçar coisas para alcançar - viagens, emprego, doutorado, dinheiro, carro. Mas não tenho energia, não tenho vontade, não vejo o porquê de qualquer engajamento na vida. Eu queria ter algum surto de lucidez, alguma motivação, algo em que eu possa acreditar, que consiga botar brilho nos meus olhos e sagacidade nas minhas atitudes. Amanhã vou corrigir minha dissertação, escrever um artigo, fazer as unhas, comer, beber vinho, transar, dormir. E eu não entendo como todas essas ações de repente apresentam o mesmo prazer ao serem realizadas - ou seja, quase nenhum. Por que tanto faz. Eu sei que aquilo que vai me lançar para a vida está dentro de mim. Mas ainda não encontrei - preciso de um pouco mais de tempo, vontade e energia. Por enquanto, tanto faz.

Nenhum comentário:

Postar um comentário